Entre a Mentira e a Ironia

Umberto Eco

12.50

Sinopse

Mais do que uma reflexão literária ou semiótica sobre a mentira e a ironia, este pequeno livro de Umberto Eco reúne quatro ensaios sobre os usos e abusos da linguagem.

Apesar de aparentemente não terem muito em comum, as figuras que habitam estes textos do célebre semiólogo italiano - Cagliostro, Alessandro Manzoni, Achille Campanile e Hugo Pratt -, proporcionam uma reflexão sobre a linguagem e a sua capacidade de ironizar, mentir, desfigurar ou subverter o sentido das palavras.

O médico e filantropo Cagliostro mente com a palavra e mente com o hábito. Por outro lado, mentem sobre Cagliostro as lendas que o transformaram de insignificante aventureiro que foi em mito e símbolo do livre-pensamento, vítima do obscurantismo clerical.

O poeta e romancista Manzoni, que na sua obra ensaística dedicou à linguagem páginas bem mais complexas, sugere, no romance Os Noivos, uma oposição entre a linguagem verbal, veículo de mentira e de prepotência, e os signos naturais, através dos quais os mais humildes compreendem quando os poderosos os tentam enganar com a sua verve.

O dramaturgo Campanile, com a linguagem e os seus clichés, brinca, vira e revira do avesso as frases feitas como uma luva, e provoca efeitos de distanciamento. e Hugo Pratt, na sua criação de Corto Maltese, joga com a geografia, que aliás conhece muito bem, e parte de mapas verdadeiros para iludir as fronteiras, para fazer levitar as distâncias, e com elas a nossa imaginação.

Mentem por ironia Campanile e Pratt, mente por interesse Cagliostro e Manzoni, com indignação, toma o partido dos pobres que sofrem humilhações verbais dos poderosos, enquanto Eco se diverte, e nos diverte, identificando os locais onde a linguagem entra em curto-circuito e se contradiz a si própria, explodindo em ambiguidades e discrepâncias.