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«A queda do regime de Salazar e Caetano, em abril de 1974, originou profundas transformações nas relações de propriedade em meio rural e, de certo modo, nos próprios trabalhadores. Catarina Eufémia morreu quando reclamava a adoção da jornada de trabalho de oito horas. António Casquinha e João Caravela perderam a vida num contexto diferente.
A sua morte sobreveio quando tentavam impedir a GNR de desmantelar uma cooperativa agrícola — formada por outros assalariados rurais como eles, após a ocupação de grandes domínios fundiários. No primeiro caso, o Estado português exerceu o seu poder coercivo contra reformadores, no segundo, fê-lo contra revolucionários.
O presente estudo é uma análise da reforma e revolução no mundo rural português e tem como tema central o controlo operário, ou seja, a gestão e o usufruto coletivos dos bens de produção. A investigação responde a três perguntas que estão interligadas. A primeira, o que levou os assalariados rurais do sul a contestar as relações de propriedade e a criar herdades geridas por trabalhadores? A segunda, quais as repercussões a nível micro das unidades cooperativas geridas por trabalhadores, após a sua criação? Por último, qual era a natureza da interação entre as cooperativas e o sistema estatal no qual estavam inseridas? Como se desenvolveram no Estado pós-revolucionário?» — Nancy Bermeo
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