O Desencanto

Beatriz Serrano

16.60

Sinopse

«Brincar aos escritórios é fácil se soubermos como. O trabalho é apenas um papel que é preciso interpretar. Aprendi a dominá-lo na perfeição: domino as piadas que funcionam sempre para quebrar o gelo. Sei o que tenho de perguntar para parecer atenta e interessada. E sei o que tenho de dizer para que o tempo flua mais rápido sem fazer realmente nada até às seis da tarde.»

Marisa está na casa dos trinta anos e fartinha do seu emprego. A única forma de lidar com as provações e aflições da vida numa agência de publicidade é visitar o Prado depois de almoço, e também entorpecer os sentidos com um cocktail de ansiolíticos e vídeos intermináveis nas redes. Uma das razões pelas quais aparece no escritório é para poupar dinheiro em ar condicionado no calor sufocante de agosto em Madrid. Marisa detesta trabalhar, mas o emprego é a única coisa que lhe garante um ordenado para pagar a renda e comprar todas as coisas bonitas a que não resiste.

Durante a semana que antecede uma viagem «inesquecível» de team building organizada pela empresa, a ansiedade de Marisa dispara. Conceber passar um fim de semana inteiro com os seus colegas de trabalho é uma ideia insuportável, desencadeando a memória soterrada de um acontecimento traumático no escritório. Com o passar dos dias, a sua máscara social, incólume e polida ao longo dos anos, vai-se quebrando até rebentar com estrondo, ameaçando pôr toda a sua vida em desatino.

Este romance de pena afiada e humor na dose certa é uma seta que se espeta no leitor a cada palavra - é a nossa vida, enfim. Uma radiografia magistral das crises vividas por qualquer trabalhador, da solidão, da necessidade de relações e conexões humanas para encontrar uma luz de esperança que nos dê força para não nos atirarmos para a frente de um autocarro sempre que chega a segunda-feira de manhã.